segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Des-cobrir e des-tapar

Rasgo o tecido onde bordei tardes a fio os meus sonhos, onde todas as cores e pormenores me saiam da alma, e que comecei era eu ainda uma criança!
E a cada quebrar de fibras cai uma lágrima no chão, a cada contorno perdido uma perda irreparável, em cada pedaço de tecido a lembrança do tempo desperdiçado.
Mas sei, entre soluços, que a insistência desesperada de alcançar que trazia o meu bordado vai dar lugar, não tarda, a uma serenidade. Vai-me deixar descobrir a brisa, sentir as cores que mudam ao longo do dia e então, suspirando, abençoar a hora em que numa fúria de dor destruí a imagem de tudo o que ambicionava e que era inocentemente tão incompleto!

1 comentário:

Luís Filipe C.T.Coutinho disse...

Tricotar passos a dar na vida não é fácil. Por vezes acabamos a usar apenas os momentos de contrafacção que se compram nas feiras... Menos qualidade é certo, mas é rasga e joga fora... venha outro....